XV SEMANA NACIONAL DOS MUSEU - IBRAM
15 A 21 DE MAIO DE 2017
“Museu e histórias controversas- dizer o indizível nos Museus”
Museus são espaços de estudo, pesquisa, educação, contemplação, lazer, diálogos e também de construção de histórias e narrativas museográficas. Ao articular memórias, essas instituições produzem discursos expográficos que articulam variadas linguagens e são apropriados pelo público de diferentes formas.
A maneira mais usual da memória ser transmitida é por narrativas, que são elaboradas por meio de um processo dialético entre esquecimento e lembrança, em que o “esquecer” tem um papel fundamental ao dar destaque àquilo que é “lembrado”. As narrativas, as histórias e também os discursos museológicos são construções sociais.
Narrar o passado é reinventá-lo, é colocá-lo sob o filtro interpretativo de seu narrador, seja ele um livro, um jornal, uma pessoa, uma exposição, uma instituição. As histórias são construídas nas relações de poder e possuem múltiplas identidades, sendo passíveis de controversas e de diferentes versões.
Partindo dessa premissa, os Museus convidam a uma reflexão sobre o tema “Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus”. Quais as histórias que nossos museus estão contando? Como eles colaboram para a construção ou para o questionamento das versões oficiais? Quais outras histórias precisam ser lembradas? Como trabalhar na expografia o confronto entre lembranças e esquecimentos?
SEMANA NACIONAL DOS MUSEUS
MUSEU DA PAZ-FEB
REGIME MILITAR BRASILEIRO – A VERDADE MULTIFACETADA
Integrando mais uma vez a SNM, nosso Museu da Paz optou por discutir um tema que é, seguramente, um dos mais controversos da nossa história: o regime militar brasileiro, que durou 21 anos, de 1964 a 1985. O balanço do período de governo militar como um todo parece ser apenas negativo - afinal, foram anos de repressão e violência, em que a vontade dos governados contou menos que a dos governantes. Mas o tempo já permite separar o joio do trigo, admitindo ações positivas em algumas frentes. É uma tarefa delicada. No campo minado das paixões que o período desperta, defensores e críticos até hoje trocam farpas. Mas se os governos militares lançaram os fundamentos da pós-graduação brasileira, de outro lado estimularam a criação indiscriminada de cursos privados. Se geraram condições para o crescimento, deixaram de distribuir renda. E assim, sucessivamente, podemos elencar inúmeros argumentos e informações a respeito desse período e que retratam o quanto é controverso esse tema e quantas posições, percepções e opiniões diferentes encontramos.
De fato, se fizermos uma pesquisa rápida na Internet, encontraremos incontáveis depoimentos em relação ao período do governo militar no Brasil, desde os defensores mais ferrenhos da “revolução” aos que consideram que nada houve de positivo nesses 21 anos de “golpe e ditadura”. Mas, ao fazermos um breve e justo balanço, devemos admitir que todos os lados e pontos de vista, todas essas visões tão díspares possuem suas verdades. Devemos lembrar que cada ponto de vista não passa da visão a partir de um ponto e que, portanto, a verdade não é uma só, ela é multifacetada!
Citamos a escritora nigeriana Chimamanda Ngozie Adichie que aponta as maléficas consequências de se ter “uma única fonte de influência, uma única forma de se contar histórias, de se considerar como verdadeira a primeira e única informação sobre algum aspecto”. Devemos evitar as “histórias únicas”, pois elas são perigosas e quase sempre originam as ideias preconceituosas e equivocadas em relação a fatos, pessoas, lugares ou acontecimentos. Que tenhamos todos a capacidade, o desejo, a sabedoria e a oportunidade de ampliar nossos olhares, nossas visões, nossos conceitos.
Para discutirmos essa temática, planejamos várias ações em parceria com a SEMED – Secretaria Municipal de Educação, com o Colégio Marista São Luís, além de professores de outras instituições educacionais da nossa cidade. Iniciando as ações na manhã do dia 15 de maio, teremos a abertura da Exposição de Artes Visuais “Regime Militar no Brasil: Golpe? Revolução? Ditadura?”, organizada pela professora Diocenira Quilante Branco,da EEB Prof. Heleodoro Borges, seguida por uma palestra com o professor Bruno Roque Younes à noite, no auditório do Colégio Marista São Luís.
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