O tema Museus e Memórias Indígenas nos instiga a uma reflexão sobre a diversidade sociocultural dos mais de 200 povos indígenas que vivem em nosso país, constituindo-se como um dos maiores patrimônios existentes no território nacional.
Eles estão representados em museus e outras instituições por meio de exemplares de sua cultura material, como utensílios e adornos de grande sofisticação e beleza estética, além de registros textuais e audiovisuais. Importantes ícones da construção da identidade nacional, os hábitos e a cosmogonia dos povos que habitavam este território antes mesmo da criação do Brasil foram documentados pela Arqueologia, História, Antropologia e Linguística, cujos registros estão presentes em diferentes instituições museológicas de nosso país e no exterior.
Por muitos anos, a forma de representá-los os situava como pertencentes ao passado; não se vislumbrava que pudessem ter um futuro devido ao contato cada vez mais intenso com outros segmentos da sociedade nacional.
Porém, na contramão dessa expectativa, os índios estão aí, presentes no cotidiano do país, com seus saberes, culturas, línguas, mitos, rituais, músicas. Na constante busca pela atualização e enriquecimento, museus históricos e etnográficos viram-se obrigados a renovar seu olhar e sua mensagem sobre esses povos e seus patrimônios culturais.
Abandonar ideias estereotipadas e contribuir para a defesa dos direitos indígenas entrou na ordem do dia para essas instituições, que assumiram a luta contra o preconceito como eixo central de seus discursos. Nesse processo de transformações, as instituições museológicas têm passado a incorporar representantes indígenas no desenvolvimento de seu trabalho, fomentando que interfiram na construção de sua imagem. Em anos recentes, os indígenas têm se tornado parceiros em ações culturais como exposições, publicações, projetos educativos, vídeos e mostras fotográficas.
Além disso, passaram a qualificar acervos esmaecidos pelo tempo, mas que lhes permitem um reencontro com patrimônios culturais de seus antepassados, atribuindo novos significados para seus povos e para a sociedade brasileira. Essa forma conjunta de se pensar e comunicar a rica diversidade sociocultural brasileira evidencia que os museus podem ser espaços de muitas vozes e olhares.
Os povos indígenas sempre souberam guardar suas histórias e transmiti-las a novas gerações.
Hoje, para preservar e difundir seus saberes, muitos lançam mão das novas tecnologias, como vídeos e fotografias digitais. O novo chega por meio de uma antiga instituição: os museus.
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